Uma reflexão
baseada em João 13.1-17
Na vida nós
temos dois tipos de pessoas: as que servem e as que não servem e apreciam ser
servidas. Jesus Cristo é o nosso modelo de servo. Quando Ele é o nosso Salvador
e Senhor servir não é algo pesado, sofrível e nem melancólico, mas prazeroso.
Na experiência do lava-pés nós temos Jesus e os Seus discípulos, inclusive
Judas Iscariotes, o traidor. Aquele momento foi de profunda reflexão. Quando
Jesus tomou a toalha e se cingiu dela creio que eles ficaram boquiabertos. Certamente se eles tivessem feito uma leitura
apurada do ministério do Mestre, o que Jesus fez não lhes causaria surpresa.
Jesus é o nosso modelo de diácono amoroso. Ninguém serviu tão bem quanto Ele.
Devemos orar e trabalhar para sermos a comunidade dos servos de Jesus Cristo,
que O servem com amor, servindo às pessoas.
ELE É O SERVO QUE AMA, vv.1-5.
A natureza de
Jesus é amar (João 15.13,14). O amor de Jesus é terapêutico. É o amor
pedagógico, que ensina. O Seu amor não é platônico, isto é, não vive no nível
do sonho, da idealização mental, de uma simples racionalização. O Seu amor é
vivencial. Palpável. Ele é a Palavra que se fez carne e habitou entre nós em
amor sublime (João 1.14). Ele é o Servo que a Si mesmo se deu por nós em
sacrifício vicário, substituto. O Seu amor gera em nós amor. É o amor que
perdoa, doa, serve e encoraja.
O seu ministério
foi marcado pelo amor e consequente doação. Ele amou doze homens, Seus discípulos,
aos quais chamou como homens comuns para
um trabalho extraordinário. Ele os formou com o Seu exemplo. Ele os
ministrou a serem corretos, íntegros, coerentes, mordomos, servidores,
solícitos, liberais em repartir, econômicos e conscientes da missão do Reino de
Deus.
Ele foi para
cruz por nos amar. Sim, como demonstração do amor de Deus, Ele morreu por nós
sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Ele levou sobre Si as nossas culpas,
enfermidades, dores, amarguras, ressentimentos, inimizades, disputas, ódio,
rejeição, preconceito, maldade, injustiça, mentira, egoísmo, etc. Levou sobre o
Seu corpo as nossas mazelas e as nossas imundícies. A cruz é a demonstração da
veemente rejeição de Deus ao pecado e, ao mesmo, a prova do Seu amor por nós.
Ele deu o Seu único Filho para nos redimir de nossas maldades. O Pai tomou a
iniciativa da reconciliação conosco em Cristo Jesus (2 Co 5.18-21).
Há uma relação
de amor entre Jesus e os Seus discípulos. Eles estavam sempre juntos. Comiam
juntos. Andavam como um só homem até a manifestação de Judas. Cearam
conjuntamente no Cenáculo. Eles tinham tudo em comum. Por amá-lo, eles se
submetiam ao Seu ensino diário.
A justiça do
Mestre estava neles. Jesus os ensinou a serem mansos e humildes de coração (Mt
11.29). O amor de Jesus por Seus discípulos os motivou ao amor mutuo, a
repartirem o coração, o pão e as tarefas. Jesus andou por toda a parte fazendo
o bem (At 10.38). O amor do mestre é constante, infalível e contagiante. O
Senhor amou os Seus discípulos até o fim. Ele não desistiu deles. Não devemos
desistir uns dos outros.
À mesa da
Celebração e do serviço, o diabo já havia posto no coração de Judas, filho de
Simão Iscariotes, que traísse Jesus (v.2). O Salvador levantou-se da mesa para
servir os discípulos sabendo que o Pai lhe entregara tudo em Suas mãos, e que
viera de Deus e para Deus estava voltando (v.3). O Mestre cingiu-se com a
toalha da diaconia centrada no Pai. O serviço sempre foi a marca bem visível em
Jesus (Mt 20.28).
O prazer do
nosso Senhor era servir em amor. Ele lavou os pés dos discípulos. Ele exerceu a
função diacônica no ambiente da Ceia que celebrou a Sua morte e a Sua
ressurreição. Ele os ensinou o significado do pão (o Seu corpo) e do suco de
uva (o Seu sangue).
Ele viveu como o
Servo Sofredor, como o Médico ferido (Fil 2.5-9). Ele se cingiu com a toalha do
serviço abnegado e despido de reconhecimento alheio. A Sua vida foi sacrificada
na cruz em nosso lugar. Paulo ensina que “nenhum
de nós vive para si, e nenhum de nós morre para si. Pois, se vivemos, para o
Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De modo que, quer
vivamos, quer morramos, somos do Senhor.
Porque foi com este propósito que Cristo morreu e tornou a viver: para ser Senhor tanto de
mortos como de vivos” (Rm 14.7-9).
ELE É O SERVO QUE ENFRENTA OPOSIÇÃO, MAS É
OBEDIENTE, vv.6-11.
A indagação de
Pedro tem implicações sérias. Ele questionou a ação de Jesus, não permitindo
que o Senhor lavasse os seus pés, dizendo: “Nunca me lavarás os pés” (v.8). Esta é a atitude da natureza
humana, de Adão. Não entende o que é servir. Tem dificuldades com a função
diacônica. O Senhor Jesus foi muito claro: “Se eu não te lavar os pés, não terás parte comigo” (v.8b). Há um
comprometimento entre o discípulo, o Mestre e o serviço. O discípulo não é
maior do que o seu mestre. A diaconia é uma marca distintiva do seguidor de
Jesus. O Reino de Deus é um reino de diáconos.
Pedro agora está
disposto a obedecer. Na verdade, ele aprende a obedecer pela confrontação do
Senhor. Ele compreendeu a profundidade da diaconia cristã. De que o Filho do Homem veio para servir em
humildade. O Senhor Jesus sempre foi obediente ao Pai. Ele disse: “Senhor não se faça a minha, mas a tua
vontade” (Mt 26.39,42). Jesus declarou em alto e bom som: “Porque eu desci do céu, não para fazer a
minha vontade, e sim a vontade daquele que me enviou” (João 6.38). Para o
Senhor Jesus era essencial se submeter ao Pai: “A minha comida é fazer a vontade do Pai e completar a Sua obra” (João 4.34).
ELE É O SERVO QUE AGE COM HUMILDADE, vv.12-17.
O Senhor Jesus
faz uma pergunta pertinente: “Compreendeis
o que vos fiz?” (v.12). A partir do versículo 13, o Senhor traz lições
muito preciosas para o nosso dia a dia: Primeiro,
a relação entre a confissão de Jesus como Mestre (Aquele que ensina com
autoridade, Mt 7.28) e Senhor (Aquele que lidera com amor) (v.13). O discípulo
é o que aprende com o Mestre, submetendo-se à Sua liderança amorosa e servindo
de forma abnegada. Segundo, Jesus é
o nosso exemplo de diácono que serve com amor (vv.14-16).
Terceiro, seremos felizes se praticarmos os Seus
ensinos (v.17). Foi isto que Jesus ministrou no final do Sermão do Monte: “Todo aquele, pois, que ouve estas minhas
palavras e as põe em prática será comparada a um homem prudente, que edificou
sua casa sobre a rocha. E a chuva caiu, os rios encheram, os ventos sopraram e
bateram com força contra aquela casa; contudo ela não caiu, porque estava
alicerçada na rocha (Mt 7.24,25). A figura é impressionante, pois trata da
firmeza do cristão que pratica, obedece a palavra de Jesus. O seu estilo é o do
compromisso com Cristo às raias da morte.
Jesus é o nosso
modelo de servo. Devemos ser uma comunidade de servos, daqueles que servem,
ajudam, compartilham com profundo amor. Ser discípulo de Jesus é ser diácono.
Não somos maiores do que nosso Senhor. Se Ele serviu e deu a Sua vida por nós,
por que fazemos corpo mole? Como servos, o Senhor deixou dons e talentos para
que os multiplicássemos dentro e fora da comunidade de fé. O que estamos
fazendo? Não é mais fácil permanecermos na zona de conforto? Não é isso que o
Senhor quer. Ele deseja que oremos e trabalhemos com amor, com prazer e com
contentamento. Devemos ser a comunidade dos servos que imitam a Cristo, o Servo
Sofredor e ferido, que deu a Sua preciosa vida por nós. Ele é a nossa
motivação. Razão da nossa esperança e da nossa fé. Não há tempo a perder. Paulo
considerou tudo como perda para ganhar a Cristo. Vivamos o tema da campanha de
missões nacionais: Por ti darei a minha
vida.
Oswaldo Luiz Gomes Jacob, pastor