“Portanto,
orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus...” (Mt 6.9a).
Pai, quanto emoção sentimos quando nos damos conta de que fomos
agraciados com o dom da paternidade, e, naturalmente, também da maternidade! Guardo
ainda na lembrança a forte emoção que senti quando do nascimento de meu
primogênito, Vander. Depois de tomá-lo nos braços e apertá-lo bem junto do
coração, eu não conseguia me conter de alegria, dizendo para mim mesmo: “É
incrível, eu sou pai!”
Quando deixei o hospital naquele dia, entrei em meu
fusquinha e saí como um doido, passando pelas casas dos irmãos da igreja para
comunicar-lhes o fato. E justamente eu que achava ridícula a atitude eufórica
dos pais ao comunicarem o nascimento de seus filhos. Enfim, chegou a minha vez!
Essa emoção foi se repetindo com a
chegada das filhas, Vanice e Vanessa. Agora, acrescido de uma preocupação a
mais: “Estaria eu preparado para criar filhas?”
A verdade é que não estava
preparado convenientemente nem para criar o filho, quanto mais as filhas. O
fato é que sentia-me, como ainda me sinto, profundamente privilegiado pelo dom
da paternidade, que graciosamente me foi concedido pelo Pai celestial. Com o
tempo, porém, cheguei à conclusão de que o maior privilégio continua sendo o
fato de sermos filhos. Como disse um saudoso amigo, Dr. Jacy Leite, dias antes
de sua morte: “Fico feliz em pensar que vou morar para sempre num lugar onde jamais
serei pai, somente filho”.
Naturalmente, ele se referia ao fato
de que ia para o céu e não teria mais nenhuma preocupação de cuidar de filhos. O nome Pai, em referência a Deus, é muito caro a nós. É um
nome extremamente carinhoso que nos traz muito conforto. Jesus nos ensinou a
chamar Deus de “nosso Pai”. Todavia, o
uso que fazemos desse nome não tem a
mesma conotação que tem para Jesus. Para
Ele é uma questão de essência, pois o Filho é da mesma natureza do Pai. É ímpar
o uso que Jesus faz desse nome, pois Deus é nosso Pai numa conotação bem
diferente. Por causa da nossa salvação é que podemos chamar Deus de Pai. Em
amor, Deus nos adotou como Seus filhos.
Todavia, Jesus fez questão de dizer que
Deus era “meu Pai e vosso Pai.”
Em Gl 4.1-7, Paulo usa duas expressões para “pai”, uma grega (Páter) e a outra aramaica (Abba).
Essas expressões, como usadas por Paulo, possuem uma conotação de ternura, docilidade e
proximidade de um pai com seus filhos. Nesses versos, Paulo ensina que entramos
no estado de filiação pela obra de
Cristo, que assegura a nós o recebimento do Espírito do Filho. Esse Espírito é
que nos faz chamar por esse Abba tão terno e bondoso (v.6).
Como
consequência dessa filiação, Deus nos faz Seus herdeiros (v.7), tornando-nos
participantes de todas as coisas que um
Pai cheio de ternura concede aos seus
filhos. Oh, bendita consolação, temos um
Pai no céu! Um Pai amigo e compassivo,
que nos aconchega, nos sustenta, nos anima e nos dá força e coragem em
meio aos desalentos e às tempestades da vida! Ele cuida de nós com terno e
profundo amor. “Portanto, orai vós deste
modo: Pai nosso que estás nos céus...” (Mt 6.9a).
Podemos dizer que,
sem dúvida alguma, este é o maior privilégio da vida cristã, sermos chamados de
filhos de Deus.
Você sabe o que significa ter um
Pai amoroso, terno, todo poderoso, o Senhor do Universo, o Deus de
misericórdia? O Pai celeste, com quem
podemos falar a todo momento, apresentando-Lhe
os nossos conflitos mais íntimos, nossos problemas, temores e rancores? Você conhece esse Pai?
Meu amigo, Deus o reconhece
como necessitado de Seu grande e sublime amor, apesar de seu estado
pecaminoso. É Ele mesmo quem toma a iniciativa de buscá-lo de
volta, quando você reconhece
que não tem valor algum e que nada pode fazer se não confiar na
graça de Cristo está evidenciando a manifestação da graça de Deus em sua vida,
tornando-o inteiramente dependente dEle, como
filho atraído pelo amor do pai.
Você pode ficar a vida toda correndo atrás de
bênçãos paliativas, e ainda assim não sentirá que é o bastante para suprir os
anseios de sua alma. Mas quando Deus o atrai
por meio da graça de Cristo, então
sentir-se-á seguro, na certeza de que a graça
de Cristo lhe basta. Por isso Paulo vai dizer: "Meu Deus, segundo a
sua riqueza em glória, há de suprir cada uma de vossas necessidades" (Fl 4.19). Isto é graça. É
a manifestação do amor de Deus, através de Cristo, que nos consola e nos dá o suprimento para viver e lutar, na certeza
de que Ele é fiel e suficiente para
nos sustentar nesse mundo tenebroso. Deus é o nosso Pai amigo!