quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O SENTIDO DA VIDA

Nesse final de ano (2009) várias pessoas deram cabo da própria vida. Uma jovem atriz, porque estava esquecida pela TV, não tinha mais motivação para viver, visto que seu trabalho não era reconhecido pela mídia. Um jovem obreiro de uma igreja evangélica do Rio de Janeiro deu um tiro na cabeça porque a esposa o abandonou, o amor à esposa era a razão de sua existência. E por aí vai... Milhares de homens e mulheres se precipitam para a morte ao se verem sem motivação e razão para continuarem vivendo. Gente que perdeu a razão de viver porque, para eles, o sentido da vida estava nessas coisas: trabalho, sucesso, família, mulher, fama, dinheiro, sexo, etc.

Qual o sentido da vida para você? Há quem perca a motivação de viver quando se aposentam, ou quando se vêem isolados de amigos e parentes, esquecidos, solitários.
Paulo, apóstolo, encontrava-se preso em Roma, acorrentado entre soldados romanos de plantão; recebendo afrontas e zombaria da parte de religiosos que também pregavam o evangelho de Cristo, mas que advogavam a “teologia da prosperidade”. Os quais julgavam-no fracassado pelo fato de estar encarcerado por pregar o evangelho de Cristo. Eles diziam que um pregador vitorioso não podia “aceitar” o sofrimento, a perseguição, enfermidades e a morte. Deveria demonstrar o poder de Deus, determinando que todo o mal fosse derrotado e repelido em nome de Jesus. Algo como se diz hoje em dia. Contudo, Paulo exalava a verdadeira alegria cristã; a qual é mencionada cerca de 16 vezes. Sua postura é serena e tranquila. Mais que isto, é de pleno gozo e regozijo. Sua vida era plena de contentamento por sentir-se no centro da vontade de Deus, em Cristo Jesus. Ele encontrou o verdadeiro sentido da vida, razão para viver e morrer: “Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fl 1.21).

Ou seja, “a razão da minha vida é Cristo. Tanto faz viver alguns anos mais aqui nesta Terra, ou morrer e viver eternamente com Cristo, no céu. Ou melhor, se o morrer é estar plenamente com Cristo, então é ainda melhor que continuar vivendo aqui. De qualquer forma, estar em Cristo faz toda a diferença, todo o sentido para mim”. Em Primeira Coríntios 15.28, ele escreveu: “...para que Deus seja tudo em todos”. Em Colossenses 3.111, ele completa: “... Cristo é tudo em todos”. Na carta Aos Filipenses ele demonstra sua segurança e alegria de viver em Cristo como a expressão de sua motivação pra viver: O verdadeiro sentido da vida – Cristo. Que este seja a motivação e razão para vivermos, tanto no ano de 2010 como nos anos que o Senhor nos permitir continuar vivendo.

Portanto, FELIZ ANO NOVO, COM O VERDADEIRO SENTIDO DA VIDA: CRISTO!

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

IGREJA: LUGAR DO PERDÃO E DA FESTA

Gostaria de pensar com você este tema tão especial, tão sugestivo. Lembro-me da famosa parábola do filho pródigo contada por Jesus. Depois de consumir todos os seus bens, o filho, passando necessidade, lembra-se do pai – do seu amor, do seu carinho, da sua aceitação e do seu perdão.

O filho, ao pensar no pai, vê-se seguro porque confia no seu amor. Como é bom e precioso sabermos que somos amados por Aba! Como também é muito importante sabermos que há pessoas que nos amam e têm prazer em estar com a gente. A Igreja é lugar de gente que ama, perdoa, aceita e encoraja no Espírito. Era assim que vivia a igreja primitiva (At 2.42-47; 4.32-37). Os dois pilares da vida cristã – amor a Deus e ao próximo – eram vivenciados pelo povo de Deus. Havia perdão entre eles. Era uma comunidade onde havia festa, alegria. Quando o filho pródigo voltou para casa, o pai promoveu uma grande festa. Todos os encontros da comunidade do Pai devem ser de festa porque fomos aceitos no amado. “Para louvor da glória de Sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça”(Ef 1.6,7). Então, há festa no céu quando um pecador se arrepende. Foi Jesus que disse esta verdade (Lc 15.10). Isto é simplesmente maravilhoso.

No ambiente da comunidade a graça de Deus opera de forma tão forte que todos nos sentimos iguais. Somos interdependentes. Não há acepção, preconceito, rejeição, mas amor repartido que produz atitudes e atos coerentes e pertinentes em Cristo Jesus para a saúde do Seu corpo. Onde há perdão e cura, há festa. Onde há comunhão, há plena alegria. É no ambiente da graça que vem o tratamento de Deus sobre nossas vidas, pois nada, absolutamente nada merecemos. Deus trabalha em nós por meio do Seu Espírito operando o novo nascimento, aplicando-nos o caráter de Cristo. A Igreja primitiva tinha amor, perdão, pão, comunhão, testemunho e Testemunho (missão). Ela era um hospital e Jesus, o médico. Quanto mais se vivia Cristo mais saudável era a Igreja e mais relevante no mundo. As pessoas eram atraídas para a igreja pelo estilo de vida dos crentes. O modo de vida do povo de Deus era atraente. Infelizmente hoje a maneira de viver dos membros das igrejas é repelente. Para atrair pessoas as igrejas usam de eventos, grandes concentrações, ‘reuniões milagrosas’, pregação da teologia da prosperidade e outros mecanismos meramente pragmáticos ( o que funciona melhor?). As pessoas precisam ver Cristo na comunidade dos salvos – os redimidos pelo Seu sangue.

Ser Igreja é ser Cristo nas atitudes e nos atos. Ser Igreja é caminhar na total dependência do Seu Senhor. É caminhar na direção dos párias, dos ébrios, dos maltrapilhos, dos pobres, dos miseráveis, dos doentes física e emocionalmente, dos violentados, dos drogados, dos aidéticos e de todos os que a sociedade secularizada rejeita. É necessário sairmos das quatro paredes, da nossa zona de conforto e partirmos para socorrer os que estão “cansados e oprimidos” para que Jesus os alivie (Mt 11.28-30). Como Igreja, precisamos ser Cristo em carne e osso agindo neste mundo mau e tenebroso, sem esperança. Saiamos da acomodação, da inércia e da mesmice. Sejamos pessoas de oração, de profundidade espiritual e de criatividade, colocando em prática os ensinos do Mestre. Que sejamos pessoas inconformadas com tudo o que aí está. Que experimentemos um ‘descontentamento santo’ (Bill Hybels).

Realmente, não podemos nos conformar com este mundo, mas que experimentemos a metamorfose (transformação) do Senhor (Rm 12.1,2). Dia após dia vivamos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Sejamos a comunidade terapêutica, a comunidade invasora e catalisadora, a comunidade cheia do Espírito para fazer toda a diferença neste mundo que ‘jaz no maligno’ (1 João 5.19). Como Jesus, andemos por toda a parte fazendo sempre o bem (At 10.38). Homens e mulheres cheios do amor do Pai, da graça de Cristo e do poder e da consolação do Espírito Santo até que Cristo volte. Maranata, Jesus!!!


OSWALDO LUIZ GOMES JACOB, PR.
SEGUNDA IGREJA BATISTA EM BARRA MANSA, RJ.
www.oswaldojacob.com

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

FELIZ PRESTAÇÃO DE CONTAS

“Deus pede estrita conta do meu tempo,
e eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta,
eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
o tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta e não há tempo.”[1]

Na parábola contada por Jesus, em Lc 12.35-48, há algumas advertências cruciais quanto à entrada no reino de Deus.

Primeiro (v. 35-40), Jesus ilustra com a história do servo (empregado ou mordomo) vigilante, cujo patrão saíra para celebrar seu casamento, e voltaria sem prévio aviso. O servo deveria estar preparado para o retorno de seu senhor a qualquer momento.

Com isto Jesus estava ilustrando como ocorrerá a Sua volta para buscar a Sua igreja, os redimidos pelo Seu precioso sangue. A essa altura Pedro fez-Lhe uma importante pergunta: “Senhor, proferes esta parábola para nós ou também para todos” (v.41). Jesus respondeu-lhe com outra pergunta: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?” (Lc 12.42). E acrescenta que aquele a quem for achado em falta receberá as devidas consequencias de sua negligência, assim como aquele que estiver fazendo a vontade do seu senhor receberá a devida recompensa.

Com estas palavras Jesus não está afirmando que alguém será salvo pelas obras, mas advertindo-nos para um viver coerente com a vontade de Deus. Em outras palavras, que o verdadeiro servo de Deus é aquele que não se descuida de buscar cumprir, servir e obedecer a vontade do seu Senhor; dEle, o Senhor Jesus.

O Senhor Jesus conclui sua exortação enfatizando a responsabilidade daqueles que ouvem, os que conhecem de alguma forma o evangelho da salvação em Cristo Jesus. E o Senhor faz uma surpreendente declaração, enfatizando ainda mais sobre a responsabilidade de cada um diante da Palavra de Deus. Ao contrário das leis de nosso país, que privilegiam aqueles que têm curso superior e maior instrução, colocando-os em celas especiais, concedendo-lhes penas alternativas e mais brandas em relação aos demais que não possuem graduação superior (embora, na verdade, o que funciona mesmo seja a conta bancária...); Jesus diz que perante o julgamento divino ocorrerá o contrário. Ou seja, “aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido e aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão” (Lc 12.48).

Ora, essa é uma tremenda advertência a todos quantos recebem, diariamente, a oportunidade de ouvir e praticar o evangelho de Cristo. Advertência para todos nós que conhecemos, de alguma forma, a Palavra de Deus. Nossa responsabilidade é proporcional ao grau de conhecimento que temos. Portanto, resta-nos apenas considerar a pergunta perscrutadora do Senhor Jesus: “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?” (Lc 12.42). Pense nisto!

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Poema de Laurindo Rabelo

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A GRAÇA DA CONSOLAÇÃO

Pr. Patrick J. Campbell proferiu um excelente sermão sobre a soberania de Deus no sofrimento de Jó, e com o seguinte tema: “Que motivos você tem para adorar e servir ao Deus vivo?” Tomo a liberdade de apresentar aqui o resumo do mesmo para a nossa edificação:

_ “Você adorará e servirá ao Deus vivo, que é revelado em Jesus Cristo, se perder todas as suas posses materiais?

_ “Você adorará e servirá ao Deus vivo, que é revelado em Jesus Cristo, se perder os seus filhos?
_ “Você está disposto a adorar e servir ao Deus vivo, que é revelado em Jesus Cristo, se perder sua saúde? Não existe qualquer referência bíblica onde Deus nos garanta plena saúde. Cristo sofreu por nós, deixando-nos o exemplo.

_ “Você adorará e servirá ao Deus vivo, que é revelado em Jesus Cristo, quando perder seus amigos? Leiam sobre os amigos de Jó. Quem tem amigos assim, não precisa de inimigos!...
_ “Você adorará e servirá ao Deus vivo, que é revelado em Jesus Cristo, mesmo quando Deus fica em silêncio?”

Finalmente, Patrick apresenta algumas importantes lições sobre o assunto:
1a – Servir a Cristo não é garantia de que você não sofrerá.
2a – Nossa fé será posta à prova no sofrimento.
3a – Satanás pode estar por traz de muitos dos nossos sofrimentos.
4a – Cuidado com as respostas teológicas simplistas.
5a – Não acuse a Deus em suas provações. Cuide de suas emoções: “porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55:9).
6a – Cuidado com o conselho de seus amigos quando sofrer.
7a – Lembre-se que não importa quão escura a situação, Deus ainda é soberano. As nuvens que tanto tememos ainda estão cheias de misericórdia (Lm 3:21-26).
8a – Lembre-se que através de seus sofrimentos você pode experimentar um crescimento especial (Jó 42.1-4). Nossa vida é pela fé.

9a – Não importa quão difícil a provação, Deus é digno de ser adorado, amado e honrado: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm 8:18).
10a – Lembre-se, nosso Deus é cheio de misericórdia (Tg 5:10-11). Se nós servimos a Cristo por algum motivo qualquer que não seja por Ele mesmo, estamos arrumando encrenca. Graças a Deus por aqueles que servem ao Senhor porque Ele é digno. Um homem pecaminoso nunca tem direito de exigir explicações de Deus: “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” ([1]). Quando as tempestades das provações vêem, temos que adorar ao Senhor!”.[2]

Tenho conhecido pessoas que só foram quebrantadas pelo amor e poder de Deus, depois de passarem pelo tormento e aflição. Quando, no limite de suas forças e resistência, foram persuadidas pelo amor que excede a todo entendimento. Reconhecendo, assim, seus pecados, confessando-os e arrependendo-se aos pés do Senhor Jesus. Precisamos pensar nesses casos, tirando lições para o nosso viver cristão. E que o Senhor nos ajude a fim de evitarmos os maus exemplos.

“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim” ([3]).

Nossa atitude diante do sofrimento, portanto, deve ser de adoração e gratidão a Deus, como fizeram os apóstolos do Senhor. Não há como fugir da luta, nos omitir, ou fingir que somos imunes, ou que estamos isentos dessa situação. Quando alguém diz que a Igreja está doente porque constata problemas e dificuldades, está simplesmente caindo na realidade claramente expressa na Palavra de Deus. Então, não nos compete ficarmos nos lamuriando e nos alarmando com a situação. Nossa missão não é fugir da situação, fugir do “incêndio”. E, nem mesmo, fugir da “fumaça” (causa ou efeito do incêndio). Nossa missão, enquanto servos de Jesus Cristo, não se restringe à função de ARAUTOS – aqueles que dão o alarme e anunciam o perigo à vista. Mas, sim, ao cuidado com os feridos, estropiados e mutilados pelo pecado.

Sim, podemos dizer com segurança na Palavra divina: DEUS NOS DÁ FORÇA PARA VIVER! Que Ele, portanto, nos abençoe, a fim de que possamos desenvolver o nosso entendimento e maturidade espiritual para melhor compreendermos estas coisas. Porque a graça de Deus nos basta!

Pr. Vanderlei Faria – pastorvanderleifaria@yahoo.com.br




[1] Dt 29:29
[2] Campbell, Patrick J. – XIX Conferência Fiel para pastores e líderes, 6 a 10 de outubro de 2003
[3] Jó 19:25-27

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

MEU NATAL INESQUECÍVEL

O texto de Lucas 2:8-21 faz-me lembrar de um Natal de minha infância; o que poderia chamar de Meu Natal Inesquecível. Eu tinha cerca de nove anos apenas. Nossa família, apesar de pobre, era unida, alegre e bem equilibrada de um modo geral. Meu pai era agricultor; um pequeno sitiante que saíra da cidade grande (Volta Redonda, RJ), fugindo da poluição e da agitação comercial. Meus irmãos e eu (cinco até então) pouco fazíamos para ajudar na manutenção da casa. Minha mãe, ao contrário, trabalhava duro lavando roupas para ajudar no suprimento do orçamento doméstico. Mas vivíamos tranquilos, sem grandes preocupações, pelo menos nós, os menores. Naturalmente que os “velhos” tinham lá as suas preocupações e ansiedades, como todos os pais responsáveis, pela alimentação e educação daquelas vidas preciosas, como são todos os filhos. Mas creio que não eram tantas as preocupações da família, considerando-se as condições em que vivíamos.

Naquele fim de semana, porém, as circunstâncias eram por demais desalentadoras, sombrias. A lavoura de meu pai fora totalmente dizimada por uma forte geada. O pequeno cafezal era a esperança de fartura e novos investimentos. A colheita era esperada com profunda expectativa, ansiedade e muito entusiasmo. De repente, drasticamente, em apenas uma noite de geada toda a economia e esforços de anos de trabalho duro e honesto se desfizera. Na noite de Natal haveria, como de costume, a programação festiva em nossa casa, onde se reunia a congregação da Igreja. Meu pai era o exemplo de resignação e fé. Minha mãe redobrava seus esforços para minimizar as dificuldades, lavando roupas aos montões. Eu, que não entendia praticamente nada quanto à gravidade da situação, brincava tranquilamente com os demais meninos de minha idade. Enquanto aguardávamos o início do culto especial de Natal, um coleguinha pôs-se a choramingar e resmungar ao meu lado.

Procurei saber o motivo do seu descontentamento. E ele então começou a maldizer suas botas novas, por estarem apertando seus pés. Com toda humildade própria de uma criança, perguntei-lhe: "Quer trocar com os meus sapatos? Eles não machucam!" Imediatamente ele parou de chorar. Enxugou as lágrimas, e, verificando as péssimas condições das minhas sandálias (Alpargatas Rodas), velhas, rasgadas, furadas e desfiguradas, disse-me sem pestanejar: "Não precisa, já parou de doer!" Desde então, muitos natais já se passaram, porém, não posso esquecer daquele Natal de minha infância. Sempre que sou tentado a lamentar e angustiar-me, devido aos "sapatos velhos" que a vida me proporciona, lembro-me daquele inesquecível Natal.
Na vida sempre somos tentados a viver lamentando a nossa "triste sorte" dos "sapatos velhos"; ou lamentando profundamente pelo desconforto e apertos que nos causam as novidades que ostentamos. Quando reconhecemos o quanto somos ingratos e mesquinhos, então percebemos que ainda estamos em vantagem. Nossa dor e sofrimento são amenizados e suportados com mais entendimento, resignação e coragem, quando percebemos que há sempre alguém em pior situação que a nossa. E nem por isso estão a lamentar e a maldizer-se.

Naquele Natal de minha infância, apesar dos meus sapatos velhos, rotos, eu era feliz. Sentia-me feliz. Estava envolvido, impregnado do verdadeiro sentimento natalino: paz no coração e alegria na alma! Havia entre nós uma preocupação maior e mais vibrante do que comer, beber e vestir roupas novas: Jesus Cristo, Paz na Terra entre os homens que de boa vontade O recebem em seus corações. Eu queria saber, conhecer melhor a fascinante história do Menino pobre que se tornara Rei dos reis. Queria saber o significado mais profundo de toda aquela linda história. E, mais ainda, o que isso tudo tinha a ver com todos os meninos pobres e rejeitados de minha terra.
Inesquecível Natal! Faz-me pensar e considerar que preciso continuar lutando, e crendo sempre. Preciso enfrentar a vida. Lutar muito, continuar a caminhada, sabendo que não estou sozinho. Jamais estarei só. Porque Jesus, o Rei dos reis, o Filho do Deus Altíssimo está comigo, sempre e eternamente. Ainda que venham as tempestades e calamidades, Ele comigo estará, sempre. Posso confiar em Suas palavras: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (Jo 14.18). Caminhando com sapatos novos que dilaceram os pés, ou com chinelos velhos que entristecem a alma, causando vergonha, humilhação e tristeza; Natal sempre há de proporcionar-me a certeza de que o Menino pobre da manjedoura de Belém tornou-se o meu Senhor e Salvador amado. Eu sei que o meu Redentor vive! Sei que Ele tem cuidado de nós, porque "Ele sabe o que é padecer". Foi o Senhor Jesus que assumiu na cruz do Calvário as nossas dores, culpas, enfermidades e pecados. Ele é real. NEle eu posso confiar. NEle você também pode confiar, ainda que seja de pés descalços, cansados da longa e estafante caminhada. Ele está conosco, enxugando nossas lágrimas e estimulando-nos a prosseguir.

Hoje, aquela cena inesquecível de minha infância faz-me compreender melhor a grande e preciosa experiência dos pastores de Belém. Homens simples do campo que foram agraciados com a extraordinária notícia do primeiro Natal. Mais que isso, eles fizeram parte ativa, experimental, vibrante, da própria história natalina. Sem dúvida alguma, a mensagem do nascimento do Filho de Deus na Terra, estaria para sempre impregnada indelevelmente naqueles corações humildes e cansados: Jesus nascera em Belém, e eles haveriam de ser as primeiras testemunhas oculares do maior milagre ocorrido no mundo: Deus na Terra, paz conosco! Natal seria, desde então, e para todo o sempre, a maior e mais vibrante notícia a ser proclamada. Um grito altissonante de Missões Mundiais: Jesus está vivo, Jesus nasceu, chegou ao mundo, "porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mt 1.21).

Agora posso entender o verdadeiro sentido do Natal de Jesus: É a verdadeira vida abundante, para todos quantos nEle crêem. Aprendi, então, que Natal é Paz real. É sentir paz mesmo! E que isso não quer dizer apenas ausência dos problemas externos. É não temer o presente de secas e enchentes, geadas, furacões ou vendavais. Não temer o futuro certo ou incerto. Não temer a morte e a eternidade. E isso sim é que significa VIDA MAGISTRAL! É viver em paz aqui na Terra e continuar em paz para a eternidade. Amém.

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O NATAL DO ESQUECIDO

A celebração do Natal de Jesus aconteceu pela primeira vez entre um grupo de homens do campo, simples, rudes, alguns dos que “não são“, praticamente esquecidos em meio aos animais do campo. E a maior parte de Seu ministério Jesus dedicou ao cuidado com os “pequeninos” da sociedade de Seu tempo, aqueles a quem aprouve a Deus revelar-Se (Mt 11.25-27).

Isto, naturalmente, não quer dizer que todos os pobres e “pequenos” socialmente serão salvos pelo simples fatos de serem menos favorecidos socialmente; tampouco que todos os ricos, sábios e entendidos serão condenados. Em 1Co 1.26 Paulo diz que não foram muitos sábios, nem muitos os poderosos que foram chamados à salvação. Isto quer dizer que alguns sábios e poderosos foram chamados, embora não muitos. Mas, observando o ministério de Jesus, como também o ministério dos apóstolos e na experiência de cada servo de Deus de todos os tempos, o fato é que as palavras de Paulo em 1Co 1.27-29 são confirmadas literalmente. Deus gosta de trabalhar com gente esquecida, desprezada, humilhada, “aqueles que não são, para reduzir a nada as que são” (1 Co 1.28).

Assim, desde a primeira vez em que o evangelho, a “boa nova de grande alegria”, foi pregado aos pastores do campo (Lc 2.8-20), podemos verificar este fato. Aprouve a Deus revelar-Se, aos maltrapilhos, aos esquecidos e marginalizados da sociedade. Mas o que é mais surpreendente é que o próprio Senhor, Aquele a quem se diz ser a razão da existência e celebração do Natal; Aquele de quem comemoramos o nascimento é justamente o mais esquecido por ocasião das celebrações natalinas. Desde o princípio, desde o Seu nascimento, quando foi esquecido num curral de ovelhas, até os dias atuais, as pessoas fazem festa, se regozijam em família, se rejubilam e se confraternizam pedindo (a quem?) a paz na terra... Mas esquecem do “aniversariante”. Ou simplesmente não O reconhecem, nem O reverenciam como o único digno de glória, honra e louvor, especialmente quando festejamos o Seu nascimento (pelo menos é esse o pretexto para todas as badalações “natalinas”). Nem mesmo entre os cristãos Ele recebe a honra e a glória que Lhe são devidas. Porque também nós somos contagiados, melhor, contaminados, pelo “espírito natalino” das guloseimas e das extravagâncias comerciais e sociais.

Em meio a esse corre corre, a essa confusão, é simplesmente uma loucura, no conceito popular, alguém falar ou querer cultuar a Deus em tempo de festa. É comum, em tempo de Natal, sentirmo-nos tristes e deprimidos por estarmos distantes daqueles a quem amamos. Sentimo-nos angustiados com a ausência de amigos e parentes, especialmente daqueles que se encontram distantes, ou que já partiram para a eternidade.

Infelizmente, porém, nem sempre nos entristecemos por aqueles (ou por nós mesmos) que vivem distantes do Salvador Jesus Cristo, ainda que estejam celebrando conosco o Natal de Jesus. Assim, o principal esquecido do Natal é o próprio Senhor do Natal. Infelizmente para quem O esquece, porque será esquecido por Ele diante do Pai. Por isto Jesus disse às mulheres que choravam por Ele, quando Se dirigia para o Calvário: ”Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23.28).

Você mãe, ou pai, já chorou suas culpas e pecados diante de Deus para ser perdoado? Tem chorado em oração diante de Deus pela conversão de seus filhos? Talvez seu filho se encontre distante do Salvador, ainda que perto de você. Se Jesus está esquecido por ele, ou mesmo se você está vivendo longe de Jesus, ainda que comemorando o Seu Natal, volte-se já aos pés de Jesus, antes que seja tarde demais! Ou talvez haja tristeza em seu coração pelo fato de sentir-se desprezado e esquecido pelos amigos e pela sociedade perversa na qual vivemos. Então, lembre-se de que quando Jesus nasceu os anjos anunciaram as boas novas aos pastores do campo. Eles também não tinham o conforto e o carinho de seus familiares ao seu redor na noite em que foram agraciados com a revelação de Deus (Lc 2.8-20); mas quando a glória de Deus se manifestou entre eles houve uma verdadeira explosão de júbilo e contentamento em seus corações. Era noite, havia solidão e desconforto entre eles, mas quando Deus se manifestou para eles, não havia mais qualquer motivo para lamentações, mágoas ou rancores. Jesus Cristo era e continua sendo a razão de nossa alegria!

Ao longo dos séculos, em circunstâncias as mais diversas, o povo de Deus tem expressado sua fé e esperança através dos cânticos de louvor e adoração. Os exemplos bíblicos são tantos que não podemos sequer mencionar a todos. Porém, voltemos ao texto em apreço. Ali no campo os pastores, humanamente falando, não viam motivos para celebrar. As circunstâncias religiosas, espirituais, eram desfavoráveis para cultuar, adorar, conforme a compreensão vigente. Os judeus só admitiam haver um lugar de culto, de adoração: no templo em Jerusalém. Os pastores estavam no campo, distantes portanto do local consagrado para a adoração ao Deus vivo, verdadeiro. Não podiam dizer: "Alegrei-me quando me disseram: vamos à casa do Senhor!" No campo, longe dos escribas, dos sacerdotes divinos, dos mensageiros do Deus Altíssimo, sem o texto sagrado. Não, não havia motivações estimulantes, favoráveis, para se cultuar, adorar, vibrar: "Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas e paz na terra entre os homens de boa vontade" (Lc 2.13-14).

Quais seriam nossas reações em tais circunstâncias? Em meio às crises e decepções, os filhos de Deus cantavam e proclamavam sua fé. E o Senhor Jesus era adorado com profunda reverência e sinceridade. Deus era exaltado, e a fé divulgada de maneira bonita, atraente e convincente. É preciso que se diga o que se crê quando se canta, e que cantemos de maneira tal que o nosso canto evidencie, com clareza absoluta, a nossa fé. Não podemos jamais nos esquecer que o povo de Deus sempre cantou aquilo que sentia, ou melhor, aquilo que representava o sentimento vivido na época aos pés de Cristo, aliado às suas convicções doutrinárias. Talvez haja tristeza em seu coração. Você está triste devido às circunstâncias desalentadoras... Mas, principalmente pela longa ausência do Consolador em seu coração. Triste por verificar que o Natal dos festejos e guloseimas não o satisfaz completamente. Natal que torna mais pobre o menino pobre. Quando o humilde é ainda mais humilhado. O menino descalço, sem teto, sem agasalho, é a mais ridícula e pejorativa paródia do Natal. Natal de glutonarias, bebedices, fantoches... Natal sem Jesus, sem paz, sem gratidão, amor...

Não, este não é o Natal que Jesus merece. Este é o natal do esquecido Jesus! Se por isso você chora, esperando a consolação do Senhor; deixe agora as preocupações com as coisas temporais, acidentais. Pense nas coisas celestiais. Nasceu Jesus! Este é o momento para rendermos-Lhe graças e louvor. Podemos cantar com os anjos: "Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade... Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra; servi ao Senhor com alegria, e apresentai-vos a ele com cânticos... Um cântico haverá entre vós... e alegria de coração..." (Lc 2.14; Sl 100.1; Is 30.29). Portanto, há razão para se viver, cantar, sorrir e bendizer ao Salvador. Uma emoção maior, razão para romper-se com as lamúrias e lágrimas. Esta razão é a presença viva de Jesus Cristo conosco. Amém.


Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

sábado, 12 de dezembro de 2009

O NATAL DA OSTRA FERIDA

“Ostras são moluscos, animais sem esqueleto, macias, que são as delícias dos gastrônomos. Podem ser comidas cruas, com pingos de limão, com arroz, paellas, sopas. Sem defesas – são animais mansos – seriam presas fáceis dos predadores. Para que isso não acontecesse a sua[1] sabedoria as ensinou a fazer casas, conchas duras, dentro das quais vivem. Pois havia num fundo de mar uma colônia de ostras, muitas ostras. Eram ostras felizes. Sabia-se que eram ostras felizes porque de dentro de suas conchas saía uma delicada melodia, música aquática, como se fosse um canto gregoriano, todas cantando a mesma música. Com uma exceção: de uma ostra solitária que fazia um solo solitário. Diferente da alegre música aquática, ela cantava um canto muito triste.

As ostras felizes se riam dela e diziam: “Ela não sai da sua depressão...” Não era depressão. Era dor. Pois um grão de areia havia entrado dentro da sua carne e doía, doía, doía. E ela não tinha jeito de se livrar dele, do grão de areia. Mas era possível livrar-se da dor. O seu corpo sabia que, para se livrar da dor que o grão de areia lhe provocava, em virtude de suas aspereza, arestas e pontas, bastava envolvê-lo com uma substância lisa, brilhante e redonda. Assim, enquanto cantava seu canto triste, o seu corpo fazia o seu trabalho – por causa da dor que o grão de areia lhe causava.

Um dia passou por ali um pescador com o seu barco. Lançou a sua rede e toda a colônia de ostras, inclusive a sofredora, foi pescada. O pescador se alegrou, levou-as para a sua casa e sua mulher fez uma deliciosa sopa de ostras. Deliciando-se com as ostras de repente seus dentes bateram numa objeto duro que estava dentro da ostra. Ele tomou-o em suas mãos e deu uma gargalhada de felicidade: era uma pérola, uma linda pérola. Apenas a ostra sofredora fizera uma pérola. Ele tomou a pérola e deu-a de presente para a sua esposa. Ela ficou muito feliz...

Ostra feliz não faz pérolas. Isso vale para as ostras e vale para nós, seres humanos. As pessoas que se imaginam felizes simplesmente se dedicam a gozar a vida. E fazem bem. Mas as pessoas que sofrem, elas têm de produzir pérolas para poder viver. Assim é a vida dos artistas, dos educadores, dos profetas. Sofrimento que faz pérola não precisa ser sofrimento físico. Raramente é sofrimento físico. Na maioria das vezes são dores na alma”.[2]

Ao longo de minha vida, venho tentando produzir pérolas, enquanto experimentos os sofrimentos da vida. Mas o difícil é admitir que para se produzir uma pérola precisamos, quase sempre, experimentar o processo vivido por uma ostra. Mas como é doloroso esse processo! Será que podemos imaginar o sofrimento da ostra? Entretanto, ao contrário do que escreveu o poeta, Deus faz com que ostras feridas, se transformem em ostras feridas felizes. E mais que isto, Ele faz com que as ostras feridas felizes, produzam pérolas de grande valor. Pérolas de qualidade acima do normal.

Deus me falou profundamente através dos louvores, durante os dias (20/11/06 – 09/01/07) em que estive com o povo de Deus da cidade de Camaquã – RS. Falou-me através do coral infantil, através dos adolescentes, jovens e adultos. Porém, aprouve ao Senhor falar-me de uma forma especial, no dia de Natal, através de um menino especial, Gustavo. Ele tinha, na época, cerca de quatro para cinco anos; cego e com sérios problemas neurológicos. Mas gostava de participar dos louvores da igreja, especialmente quando minha filha, Vanice, dirige o coral infantil. Na programação de Natal apresentada pelas crianças, Gustavo emocionou a todos os presentes naquele culto. Como não consegue falar, ele se expressa pulando e vibrando enquanto os demais cantam. Um perfeito louvor ao Senhor! Quando tive oportunidade de pregar no culto seguinte, tentei dizer o seguinte:

“Louvo a Deus pela vida do Gustavo. Louvo a Deus pelo que Ele, o Senhor, tem falado ao meu coração através deste menino, este guri, como vocês falam. Espero, sinceramente, que cada membro desta igreja, e de tantos outros onde o testemunho da vida de Gustavo chegar, absorva a mensagem do evangelho de Cristo Jesus pregada através da vida do Gugu. Deus me falou através deste menino que, ainda quando possa parecer que somos os mais infelizes e desfavorecidos pela sorte, por causa das nossas deficiências ou carências, Ele, o Senhor, está construindo uma grande pérola em nós, ou através de nós. Deus pode estar fazendo algo extraordinário desta ostra ferida em que nos tornamos, transformando-nos em ostras feridas felizes, produzindo pérolas de grande valor. Assim, o Senhor Deus é digno de ser louvado, honrado e glorificado, apesar das dores causadas em razão da pérola que Ele está construindo em nós, apesar de nós... Se cada um de nós retiver a mensagem, a voz de Deus pregada pelo Gustavo, jamais ousaríamos reclamar, resmungar e nos rebelar contra a soberania de Deus em nossas vidas; pelo que Ele, o Senhor, determina para cada um de nós. Cada vez que me lembro do Gustavo saltitante, feliz, expressando seu louvor a Deus com todo o seu ser, sou forçado a pedir perdão a Deus por minhas tolas reclamações. Quão ingrato e indigno que sou! Perdoa-me, Senhor!

Louvo a Deus por essa mãe, irmã Nira, porque ela compartilha da alegria e do louvor de seu filho. Não perdendo tempo com lamentações, se questionando e questionando as razões e os motivos pelos quais Deus permitiu que Gustavo experimentasse tudo isso. Ao contrário, ela está atenta ao que Deus está fazendo em sua vida, tendo Gustavo como instrumento vivo da comunicação divina.

Gustavo, você ensinou-me muito a respeito do verdadeiro louvor e adoração a Deus! Tenho absoluta certeza de que muitos ainda serão desafiados e encorajados a louvar a Deus em quaisquer circunstâncias, tendo Gustavo como exemplo e referência. Certo dia, antes do culto, quando fui cumprimentá-lo, fiquei profundamente emocionado pela maneira como ele demonstrou sua amizade e carinho para comigo. Ele segurou-me pela mão e puxou-me para caminhar ao seu lado. Senti como se ele estivesse dizendo que aceitava minha amizade e companheirismo. Era como se ele estivesse selando a nossa amizade com aquele gesto. Aprendi com ele que amizade se faz com afeto e não apenas com palavras. Mas, principalmente, aprendi a glorificar a Deus “com todo o ser”, como cantamos. Ele se alegra no Senhor quando tantos estão vivendo a reclamar e resmungar pela sua “triste sorte”; quando na maioria das vezes estamos “chorando de barriga cheia”. Temos todas as condições para render graças ao Senhor e ficamos reclamando por causa dos detalhes de percurso. Agimos como o estudante que, ao invés de se alegrar com um 9,5, fica se lamentando pelos pontinhos não conquistados. Não se alegra pelo que conquistou, não agradece a Deus pela capacidade que lhe deu, pela conquista alcançada. Assim, perde o tempo do regozijo da alegria em lamentações e reclamações pelo que não conseguiu.

Os pastores do campo nos dias do nascimento de Jesus também eram ostras feridas, no meio do nada. Mas Deus se agradou em revelar-Se primeiramente a eles, ostras feridas. Deus se agradou em falar-lhes ao coração de forma majestosa e sublime, revelando a Sua glória celestial. Mas eles não se contiveram em sua alegria, não ficaram parados com suas próprias emoções e alegria. Saíram apressadamente para adorarem a Jesus. E depois de tê-Lo visto e adorado, saíram saltitantes, exultantes, louvando a Deus e compartilhando com amigos, vizinhos e parentes tudo quanto Deus lhes tinham revelado. Irmão, não fale para seus filhos que eles serão felizes quando conseguirem alguma coisa material, ou que são felizes porque têm. Mas que são felizes, bem-aventurados, porque choram, porque são humildes de coração, porque são pobres de espírito, porque têm fome e sede de Justiça, porque são mansos, porque são pacificadores, porque são misericordiosos, e, principalmente, quando sofrem e são perseguidos por causa da justiça! Digam para seus filhos que ostras feridas que sofrem, choram e têm problemas, também podem ser ostras felizes. E que ostras felizes também produzem pérolas de grande valor! Cantem e contem que Deus ainda fala hoje através de ostras feridas felizes, como eu e você!

Contem e cantem pra eles a história desta ostra ferida feliz, chamada GUSTAVO! Mas, acima de tudo, cantem e contem pra eles a linda história daquele que foi a nossa ostra ferida feliz Suprema, chamado JESUS CRISTO, o Filho do Deus vivo! Contem pra eles que a nossa ostra maior, foi ferida e moída na cruz por causa dos nossos pecados! Contem que a nossa ostra ferida ressuscitou, assim como nós, os que cremos nEle, também haveremos de ressuscitar. Assim, Ele tornou-se a nossa ostra ferida feliz, reproduzindo pérolas de grande valor: os salvos pelo Seu precioso sangue. Aleluia!

Pr. Vanderlei Faria - pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Na verdade, não existe sabedoria nas coisas, na natureza. Toda sabedoria vem de Deus.
[2]
Rubem Alves

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

PORQUE DEVEMOS CELEBRAR O NATAL

A festa de Natal é uma das mais populares do mundo. Muitos aproveitam a oportunidade para dar e receber presentes, mas quem mais usufrui dessa data é o comércio, que a cada ano começa mais cedo com a decoração natalina e sugere presentes para todos os bolsos e gostos. Mas será que ainda se sabe a verdadeira razão do Natal? Quem conhece sua origem? Será que é apenas uma festa de família, um momento de celebrar laços de amor e amizade? Para muitos, o Natal significa estresse, para outros representa solidão e um tempo onde o vazio interior é percebido com mais intensidade. Será que essa festa perdeu todo o seu sentido?
Vejamos porque devemos celebrar o Natal:

Jesus é a luz no fim do túnel, a libertação da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!


O Natal é a maior alegria que um ser humano pode encontrar
Encontramos este testemunho em Mateus 2.10-11: “E, vendo eles [os magos] a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo. Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe...” Ainda antes do nascimento de Jesus, Maria já exclamou: “o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador” (Lc 1.47). E o anjo falou aos pastores de Belém: “Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo” (Lc 2.10).

A desgraça do pecado é imensa, mas a alegria pela salvação em Jesus é incomparavelmente maior. Quantas vezes já sentimos grande júbilo e profundo alívio quando superamos um fracasso! Mas quando nos achegamos a Jesus, nos livramos de toda a culpa e das nuvens escuras da desesperança que pairam sobre nossa vida. Quando recebemos a Jesus, os raios do amor divino nos alcançam trazendo júbilo e alegria maiores que qualquer sofrimento, culpa ou frustração. Jesus é a luz no fim do túnel, a libertação da escravidão do pecado e a única garantia de futuro. Quem encontra Jesus é alguém que andou errante e finalmente achou o caminho de volta ao lar. E isso é motivo de intensa alegria, da maior alegria!

Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão. Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!”


O Natal é a maior ação de busca e salvamento da história da humanidade!
Lemos no Evangelho de Mateus: “Ela [Maria] dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele [Jesus] salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21). E no Evangelho de Lucas está escrito que “hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).
A maior catástrofe da humanidade foi sua queda em pecado. Ela foi tão terrível que não havia outra possibilidade de salvação a não ser Jesus Cristo tornar-se homem. Deus, o Criador, tornou-se homem em Jesus e morreu por nós. Ele deu Seu sangue e Sua vida para termos o perdão. A grandeza dessa operação de salvamento manifesta a enormidade de nossa culpa e a grandiosidade do amor de Deus. Quem não consegue ou não quer crer nessa verdade é como alguém que se acidentou por sua própria culpa mas não quer aceitar ajuda de ninguém e permanece preso às ferragens do carro.

O Natal é a maior paz que podemos usufruir
A base do Natal está alicerçada na misericórdia de Deus: “graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos visitará o sol nascente das alturas, para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc 1.78-79).
Como clama por paz o nosso mundo! Os grandes e poderosos estão empenhados por ela, mas enquanto cada um, pessoalmente, não tiver paz dentro de si, o mundo continuará agitado. Trevas e sombras de morte caracterizam a imagem dos nossos dias. Todas as guerras e revoltas, todos o conflitos familiares e interpessoais são expressões da inquietação que habita em nossos corações. O grande pintor Michelângelo já dizia: “Não é a pintura nem a escultura que saciam a alma sedenta”. Todo o empenho em edificar e construir a paz não trará ao mundo essa tão esperada dádiva. Levantar a bandeira da paz, fazer marchas, passeatas e demonstrações em prol da paz igualmente será em vão.

Agostinho, um dos pais da Igreja, formulou de maneira muito adequada o que traz paz ao coração: “Nosso coração fica inquieto até encontrar a paz em Ti, Senhor!” Somente Jesus poderá dirigir nossos passos pelo caminho da paz. Quem encontrou a paz com Deus através de Jesus Cristo tem uma paz inigualável no coração, e os efeitos não se farão esperar, “porque ele é a nossa paz...” (Ef 2.14) Nos campos de Belém os anjos declararam: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” (Lc 2.14).

Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz.
O Natal é a maior esperança que alguém pode ter
Segurando o menino Jesus em seus braços, o idoso Simeão louvou a Deus, dizendo: “porque os meus olhos já viram a tua salvação, a qual preparaste diante de todos os povos: luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo de Israel” (Lc 2.30-32). Ele tinha a esperança de ver o Salvador prometido, e teve o privilégio de segurá-lO em seus braços. Jesus é a esperança do mundo.

Jesus é o Salvador de todos que O aceitam, e trouxe a luz da eterna esperança aos salvos. Através dEle a escuridão da alma se transforma em luz. Quando conhecemos Jesus, nossos olhos se abrem. Sua Palavra nos proporciona tesouros espirituais inimagináveis, que Ele adquiriu para nós ao ressuscitar: vida eterna nas mansões celestiais junto de Deus, o Pai; felicidade eterna sem jamais ficarmos tristes; harmonia eterna sem a existência de pecado ou conflito; o fim do medo, da angústia, do estresse, das dúvidas e inquietações. Quem deixa Jesus guiar sua vida também poderá ver as coisas desta vida terrena a partir de outra perspectiva, de um ângulo diferente, iluminado por Deus.

Jesus é o maior presente que alguém pode receber
Por isso está escrito na Palavra de Deus: “Graças a Deus pelo seu dom [presente] inefável!” (2 Co 9.15). “O salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6.23).

O Natal é a festa dos presentes. Gostamos de dar e de recebê-los. Mas todo presente precisa ser aceito. Ficamos decepcionados quando alguém rejeita o que preparamos e entregamos com muito amor e carinho.

Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus.


Não há presente maior que o amor de Deus, que vem ao nosso encontro na pessoa de Jesus. Não há esplendor maior, não há bem material, luxo terreno ou qualquer coisa que possa, de alguma forma, ser minimamente comparado ao que Jesus nos dá. Ele veio do céu à terra para nos presentear com a vida eterna. Você aceita esse presente? Ou prefere ficar enlaçado com coisas terrenas que com o tempo se vão?

Você quer receber esse presente de Deus? O presente do perdão de todos os seus pecados, o presente da vida eterna? Se você o aceitar, Jesus Cristo transformará toda a sua vida – pois para Ele tudo é possível!

O Natal pode começar a fazer sentido para você. Jesus quer se tornar a maior festa de sua vida. Ele lhe diz agora mesmo: “Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva. Quem beber desta água tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der, nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.10,13-14). (Norbert Lieth - http://www.chamada.com.br)


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Walmir Vigo Gonçalves (Pr.)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS NO SOFRIMENTO HUMANO – II

Certa feita, Alexandre, o Grande, levou seu exército a lutar contra um adversário poderoso. Seus comandados estavam desanimados e amedrontados. Quando Alexandre desembarcou os homens e equipamentos na praia inimiga, deu ordens para que todos os seus navios fossem incendiados... Enquanto os restos afundavam, ergueu-se e disse: “Soldados, estão vendo vossas naves que sobem na fumaça, as cinzas flutuando no mar? É essa nossa garantia de que seremos vitoriosos, porque nenhum de nós pode deixar esta terra detestável, a menos que obtenhamos a vitória na batalha. Homens, quando voltarmos para casa, iremos nos navios do inimigo!” Como soldados de Cristo, temos a nossa garantia de vitória assegurada, não por causa de nossa força, “Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” ([1]).

Deus nos ensina a glorificá-Lo em quaisquer circunstâncias. A perseverança do cristão no sofrimento glorifica a Deus, proclama a salvação aos pecadores e promove avivamento entre o povo de Deus O sofrimento do povo de Deus não é uma forma de justiça retributiva, ou castigo de Deus para com os Seus filhos, mas, sim, uma disciplina amorosa de quem nos trata com carinho e zelo paternal. Não é para que outros descarreguem em nós as suas próprias frustrações e ignorância.

A nossa força e coragem para enfrentar o sofrimento deve estar firmada na certeza da companhia do Pai. Assim, também nós, podemos ter esta certeza, aconteça o que acontecer, não estaremos sós, o Pai está conosco. O sofrimento é o combustível indispensável ao cristão para o seu crescimento em entendimento. Porém, a certeza da vitória é a força que nos mantém firmes na luta.

Por maior que sejam as nossas aflições neste tempo presente, sabemos que também isso há de passar. Ainda que toda essa nossa existência seja de dores e lágrimas, se estamos em Cristo, temos a certeza de que nada pode se comparar com à glória celeste. Nossas aflições, comparadas com a glória eterna, são “leve e momentâneas”. Ou, “breve tempo” em comparação com a eternidade. Além disso, temos a consolação do Espírito Santo. Se nos fossem tiradas todas as possibilidades de sofrimentos, o Espírito Santo perderia grande parte de Sua ação neste mundo, a de Consolador. Mas Ele é Deus, soberano sobre nossas vidas.

Finalmente, pensemos em alguns pontos fundamentais de tudo quando acabamos de estudar sobre o sofrimento:
– O mal que nos acontece não é final e definitivo: Isso também passará!
– O sofrimento do crente pode ser disciplinador. Algumas vezes, somente o sofrimento nos conduz ao entendimento e crescimento espiritual.

– O sofrimento do crente pode ser usado por Deus para a proclamação da nossa fé.
– O sofrimento do crente pode ser usado por Deus para desenvolver o amor e interesse de uns para com os outros. Enquanto você só ajuda os outros, parece que os outros nunca têm nada a lhe oferecer. Nunca têm a oportunidade de expressar o quanto o ama. No momento em que você se mostra necessitado, abre uma porta para quem deseja expressar-lhe seu amor e consideração.

– Faz-nos valorizar, ainda mais, a nossa comunhão com Cristo e com a Sua Igreja (Rm 8.18: 2 Co 4.17). “O aço mais excelente é o que vai no forno de mais elevada temperatura”.
– Precisamos saber que o nosso sofrimento está estimulando alguém a orar e a falar sobre o evangelho de Cristo ([2]).

Além de sermos encorajados “pela provisão do Espírito de Jesus Cristo” ([3]); estamos certos de que “segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a ousadia, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro” ([4]).

Enquanto concentramos nosso pensamento nas circunstâncias, ou nas pessoas que nos rodeiam, sentimo-nos completamente desamparados e tristes. Mas quando levantamos os nossos olhos para Aquele que nos dá esperança, então somos encorajados a deixar o pecado e firmar a nossa fé em Cristo Jesus. Apenas nEle encontramos esperança para a nossa alma aflita e angustiada.
Há uma preocupação excessiva em se livrar de todo tipo de sofrimento, ainda que para isso seja necessário desconsiderar a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus”. É o hedonismo religioso. Ou seja, a busca do prazer e evitar-se a dor. O que importa é a saúde perfeita... É a prosperidade nos negócios, e livrar-se de todo sofrimento...

Paulo, ao contrário, alegrou-se com a preciosidade da graça de Deus. Paulo pôde entender que nada lhe bastaria; nenhuma bênção, física ou material, poderia lhe satisfazer completamente; somente a graça de Cristo. Na verdade, Paulo não recebeu, absolutamente, NADA do que pedira a Deus. Mas recebeu TUDO que precisava: A graça de Deus! Paulo agora podia dizer como o salmista: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam” ([5]).

Precisamos pensar no grande exemplo de Jó. Sem dúvida, o maior exemplo bíblico da soberania de Deus no sofrimento humano ([6]).

Em meio à tribulação, Jó expressa sua convicção na soberania de Deus, seu louvor e adoração a Deus: “Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de saudade me desfalece o coração dentro de mim” ([7]).

Pr. Vanderlei Faria – pastorvanderleifaria@yahoo.com.br


[1] 1 Co 15.57
[2] Fl 1:14-19
[3] Fl 1.19
[4] Fl 1.20-21
[5] Sl 23.4
[6] Jó 1:6-11
[7] Jó 19:25-27

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS NO SOFRIMENTO HUMANO - I

“Poucos cristãos entendem que o sofrimento que temos por causa do nome de Cristo seja uma manifestação da graça de Deus. É exatamente esta ideia que Paulo ensinou aos crentes de Filipos. Eles já eram doutrinados no ponto principal – que é a graça de crer nele. Agora Paulo os está ensinando no ponto periférico: sofrer por causa de Cristo, assim como crer nele, é manifestação da gloriosa graça de Deus!”([1]).

_ “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhes são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente” ([2]).

A Bíblia declara que o mundo não pode compreender estas coisas, isto está claro. Porém, o que é triste verificarmos é que muitos crentes também não conseguem entender. É certo que não é muito fácil ao cristão aceitar estas palavras. Porém, a Palavra de Deus nos ensina a exercitarmos nossa fé em meio às circunstâncias. Ou melhor, que a graça de Deus produz em nós o verdadeiro crescimento espiritual: “...Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade. Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto de pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça”.[3]

Quando estive em Camaquã, RS, recentemente, presenciei o mover de Deus no seio da Igreja Batista Pioneira daquele local, através da enfermidade de uma jovem, amiga dos membros daquela igreja e namorada de um dos jovens da mesma. Quando a igreja foi informada da gravidade da enfermidade daquela jovem querida por todos, houve uma comoção geral. E todo o povo de Deus se dispôs a orar intensamente em favor daquela família. A jovem passou a freqüentar mais assiduamente aos cultos, sua família também se achegou mais a Deus; e Deus proporcionou um despertamento geral naquele local a partir da situação dramática de uma família. Cerca de um ano depois recebemos a grata notícia de que aquela jovem fora curada e estava freqüentando assiduamente os cultos daquela igreja. Louvado seja o Senhor!
Deus estimula Seu povo a esperar que Ele mesmo complete a revelação dos Seus propósitos. Até que tenhamos a visão completa, devemos aguardar e perseverar crendo e orando. Em At 1.4, o Senhor Jesus recomendou aos Seus discípulos que aguardassem em Jerusalém a manifestação do Espírito Santo:

_ “E, comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes”.
Eles deveriam obedecer ao Senhor, esperando e orando... Orando, para quê? Isto mostra que orar não é só pedir, mas, principalmente, estar em comunhão plena com o Senhor. É ter acesso ao trono da graça.

Pr. Vanderlei Faria – pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Carlos de Campos, Heber – O Ser de Deus e os Seus Atributos, 309 – Ed. Cultura Cristã – SP
[2] 1Co 2.14
[3] Hb 12.10b, 11

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A SURPREENDENTE GRAÇA DE DEUS

Gn 3.15-20

“É o primeiro sermão da Bíblia. Deus é o palestrante. A graça de Deus é maravilhosa e surpreendente:

1 – Para o próprio Satanás: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).
O texto diz que a história não será o que Satanás planejou. Ele creu que de fato seria o deus desse mundo. Mas Deus diz que não seria assim, o pecado não triunfará. A graça de Deus foi uma surpresa para Satanás. Ele achou que o homem não teria recuperação...

2 – A graça de Deus foi surpreendente para Adão e Eva: “E deu o homem o nome de Eva a sua mulher, por ser a mãe de todos os seres humanos” (v. 20).
Eva > Ele que concede vida. Deus interveio na vida deles: “Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente. O SENHOR Deus, por isso, o lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora tomado” (Gn 3.21-23).

A graça de Deus é sempre rápida na direção dos pecadores. Quando tudo se parece com a meia noite... O amor de Deus e graça vai adiante do nosso pecado. Ex.s: Natanael – Jesus o conhecia antes que ele O conhecesse; Zaqueu; Bartimeu, o cego; o carcereiro de Filipos, etc. Quando não se espera nada mais, Deus nos alcança com Sua graça infinita. Ele se antecipa a nós, como no exemplo do Filho Pródigo... Ex.: Agostinho – Mônica orava por ele... Um dia ele ouviu o cântico de uma criança: “Tome e leia!” – Rm 13.13. Esse é o nosso Deus, o mesmo Deus de Gn 3.15.

3 – A graça de Deus é surpreendente porque jamais cessa: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Essa divisão vai continuar ao longo da história. A promessa aqui é de uma graça contínua... Às vezes parece que o mundo e a igreja estão em perfeita harmonia. Mas aí Deus coloca a inimizade com o mundo: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4. 4). Ex. da Reforma...

4 – A graça de Deus é surpreendente no uso que faz das aflições. O pecado traz aflição, tristeza, mágoa, ira, revolta, violência: “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará... Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo” (Gn 3.16; 4.7).

Mas Deus transforma em bênçãos as nossas aflições: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós... Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito... Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.18,28,33-39).

Nos versículos 22 a 24 vemos Deus agindo como que castigando; mas para a semente de Eva não... Quando o homem caiu, o Paraíso tornou-se um ambiente inadequado para se viver. Esse mundo não é nosso lar... Porém, Deus não os expulsou para o inferno. Na descendência da mulher a graça transforma as aflições em bênçãos – “A terra tem produzido o seu fruto; e Deus, o nosso Deus, tem nos abençoado” (Sl 67.6).

_ “E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16) > “E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão; salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação” (1 Tm 2.14-15).

_ “Em todas as dores de ser mãe... provações, há uma grande promessa de salvação”. No meio das dores há esperança. As provações não são removidas, mas a graça nos dá fé pelo que há de vir.

5 – A graça é algo encarnado que vem ao encontro dos pecadores: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15).

É uma promessa de que Cristo seria presenteado a nós. Cristo foi feito pecado por nós. Não há mais condenação para os que estão em Cristo – Rm 8.1. Você já experimentou a graça salvadora de Cristo Jesus? Existe inimizade em seu coração contra tudo que é contra Deus? Você se satisfaz com esse mundo? Se não, então experimente agora mesmo receber a graça de Cristo em sua vida! E que Deus, o nosso Pai, o abençoe. Amém”.[1]

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.mananciaisdevida.blogspot.com

[1] Extrato de uma preleção feita pelo Pr. Iain H. Murray, Conferência FIEL, 16-20/10/2000

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – IV

Quando estivermos sofrendo, ainda que tenhamos a plena certeza de que o diabo é o agente do mal, não percamos tempo discutindo, argumentando e nos aborrecendo com ele. Falemos com Deus, Ele está no controle, tanto da nossa vida como nas ações satânicas!

Podemos ter a certeza de que o mal que Paulo sofria era, sem dúvida alguma algo que o incomodava tremendamente, e era provocado pela ação demoníaca, com a expressa permissão e determinação divina. Ou seja, o diabo é sempre o agente do mal, é quem o efetua; Deus não é o autor do mal, porém, é Ele quem o determina.

O diabo não tem autonomia em suas ações, ele cumpre ordens celestiais. Embora, naturalmente, fazendo uso de toda a sua potencialidade maligna. Em outras palavras, o diabo está agindo com toda fúria, empregando toda a sua má intenção; e, ainda assim, cumprindo os bons propósitos de Deus.

No caso de Paulo, Deus primeiro revelou-lhe coisas preciosas, "palavras inefáveis", e depois deu-lhe sofrimento como um tipo de freio, para que o diabo não usasse a manifestação da glória divina na sua vida como um meio de levá-lo a pecar através da soberba. Na experiência da maioria do povo de Deus, junto com as revelações vêm os sofrimentos, a sensação de inutilidade, a incompreensão e o abatimento. Como se Deus estivesse nos punindo pelos pecados passados e presentes. Quando, na verdade a Bíblia não diz que seremos (os eleitos de Deus) punidos, ou castigados, visto que jamais poderíamos sofrer o suficiente para cobrir nossas culpas e pecados, ainda que vivêssemos uma eternidade de autossacrifício. Por isto Jesus pagou o preço de sangue em nosso lugar.

Podemos verificar isso no caso dos atletas, o exaustivo e extenuante esforço e preparação que fazem para alcançarem as grandes conquistas. Como exemplo, poderíamos citar o caso de Ronaldinho, da seleção brasileira de futebol, antes da Copa do Mundo de 2002. Foram meses a fio ouvindo os críticos dizerem que ele estava acabado para o futebol, que não haveria tempo hábil para a sua recuperação, e tantas outras baboseiras de comentaristas esportivos. Entretanto, quando chegou o momento certo, lá estava ele totalmente recuperado e em plena forma física, mental e técnica. O resultado todos sabemos: Ele “arrebentou”, como se diz no meio esportivo. Foi o artilheiro da Copa e seus gols foram fundamentais para ganharmos a Taça do Mundo. Sua alegria e felicidade não teria sido tão intensa e completa não fora o drama superado. Agora pensemos no sentido espiritual: Como haveremos de valorizar mais o céu, tendo passado por este vale de lágrimas!

Alguns rejeitam com desdém e ironia tais considerações; preferem ser apanhados de surpresa, e de repente se vejam diante do trono de Deus, sem jamais se preocuparem com esta possibilidade. Entretanto, isto pode fazer toda a diferença tanto na forma de vivermos quanto em nossa postura diante da morte.

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

sábado, 5 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – III

Lembro-me de tantos homens e mulheres que, ao longo de meu ministério, têm apresentado seus “espinhos” como algo insuportável. São aqueles momentos quando somos confrontados com os dramas amorosos das pessoas.

Gente que tem que conviver com um parceiro a quem não ama. Mulheres cujos maridos se tornaram insuportáveis pela grosseria e maus tratos. Homens cujas mulheres há muito não os satisfazem. Então, nesse clima de insatisfação emocional e sentimental, aparece alguém por quem se apaixona, se encanta... Muitas vezes em consequência da afinidade existente entre ambos, por viverem dramas semelhantes. Aí começa a dor no mais profundo da alma do crente sincero e temente a Deus. É quando constatamos a instalação em nosso coração de um verdadeiro “espinho na carne”. Isto porque, como servos do Senhor, temos a plena convicção do pecado nessa paixão. Porém, ao mesmo tempo, não se consegue arrancar facilmente esse sentimento enraizado no coração.

Não se consegue dar ordens ao coração. E a imaginação voa tremendamente. Ao mesmo tempo a consciência cristã acusa o pecado que jaz à porta. O coração, o sentimento carnal, a tendência humana caída, leva o cristão para o outro lado. Dá-se, então, o conflito interior, a angústia, a luta íntima. É um verdadeiro drama, um espinho doloroso na carne humana. É a nossa incessante luta contra a carne e o pecado. Luta esta da qual só ficaremos inteiramente livres quando chegarmos à presença do Senhor.

Fico pensando como são frequentes esses problemas no meio do povo de Deus! Homens e mulheres arrastando um fardo tremendo de amor e culpas, tristes e solitários, como a mulher samaritana. Sem coragem de apresentarem a Deus em oração sua triste condição. Alguns passam a vida toda mal humorados, arredios, desconfiados, irritadiços e tristes. Outros se matam de trabalhar, são considerados pelas conquistas e realizações profissionais, tornam-se famosos, realizados, porém, frustrados e frustrantes.

Outros, ainda, não suportando a angústia e a pressão interior, chutam o balde e se entregam completamente à loucura daquela paixão contida, refreada. Esses têm que suportar as consequências de seus atos...

Por outro lado, fico pensando na reação dos observadores. Como, normalmente, agimos com tanta leviandade e frieza diante de tais casos! Quase sempre as igrejas procuram resolver questões como tais, simplesmente, recomendando, ou exortando, os infelizes infratores no sentido de esquecerem o assunto, como se pudéssemos arrancar essas lembranças de nossas mentes quando assim o desejamos. Ou então, para simplificar e resolver o problema para a igreja, aconselhamos aos envolvidos pedirem o desligamento, ou exclusão do rol de membros. Assim, julgamos solucionar o problema, pelo menos na questão de um possível escândalo. Mas, as perguntas que me ocorrem são estas: Será que, realmente, conseguimos solucionar esses problemas agindo dessa forma? E se não agirmos dessa forma, como enfrentar a situação? Deus nos traz esperança através de Sua Palavra.[1]

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Lm 3.21-25

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – II

Em momentos cruciantes, amargos, é quando mais devemos nos curvar em oração. É a Deus a quem precisamos recorrer em oração para que a Sua obra seja realizada no poder do Espírito Santo. Não podemos nos deixar enganar pelos artifícios diabólicos, Deus não enche vasos cheios. Se queremos ser cheios do Espírito, precisamos nos apresentar a Ele vazios de nós mesmos e limpos de coração. Não há espaço para o Espírito Santo num coração cheio de si mesmo. E só podemos ser úteis, verdadeiramente, para Deus quando estivermos submissos e cheios dEle.

Daí porque Deus permitiu a Paulo ser afligido com um espinho na carne. Deus queria usá-lo com o Seu poder, e não por causa das qualidades e privilégios em que Paulo pudesse se apegar. A graça é dom imerecido, Paulo haveria de glorificar a Deus pela graça e não por sua pretensa religiosidade e capacitação. Por falta de entendimento os discípulos de Jesus passaram momentos desesperadores. Há muita gente vivendo mal, se afundando no mar da vida, porque tem um pensamento equivocado a respeito de Jesus. A propósito, quem é Jesus para você? O Deus presente e atuante em sua vida, ou um fantasma assustador?

Assim como Deus usou aquele “espinho na carne”, e também as algemas, no caso de sua prisão relatada na carta aos Efésios, para fazer de Paulo um instrumento poderoso de glorificação do nome do Senhor entre muitas gerações, Deus também quer que usemos as nossas tribulações para honrá-Lo e glorificá-Lo onde vivemos e nas circunstâncias em que vivermos. Deus pode trabalhar em nós e conosco, através de nossas “algemas”.

Portanto, a questão a meu ver é entendermos que algumas vezes Deus nos coloca em “cadeiras de rodas” não para nos torturar, nos envergonhar, mas para que possamos glorificá-Lo. Enquanto aqui estivermos, estaremos nos defrontando com a dor, com o flagelo das doenças infecciosas, com a violência urbana... Enfim, com as sequelas do pecado humano. Em meio a tudo isso, temos o conforto da presença divina conosco, e o desafio de perseverarmos em oração, sabendo que a Sua graça nos basta.

“Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas brada em nossas dores: é seu megafone para chamar um mundo ensurdecido”, escreveu C. S. Lewis. Na verdade, todas as provações podem tornar-se ocasião para Deus falar conosco”.[1]

Quando lemos esse texto somos quase sempre levados a pensar também que, no lugar do apóstolo Paulo, não saberíamos o que fazer. Porém, precisamos entender que Paulo não suportou esses problemas por ser melhor do que eu e você. Não foi por ele ser melhor crente, mais espiritual. Não foi por sua resistência física, emocional e espiritual. Não foi por sua capacidade intelectual além da média geral. Tampouco por sua maturidade espiritual. Não. Foi Deus, pela Sua graça, quem o fortaleceu.

Não podemos atribuir as vitórias cristãs aos personagens que as experimentam. Foi a graça de Cristo nele, Paulo, que operou o poder de Deus. Então, ao analisarmos a experiência do apóstolo Paulo, deixemos de lado a ideia ou a tendência de exaltação do homem. Deus quer nos mostrar não um ídolo (Paulo), mas a Sua maravilhosa graça. Paulo é apenas e tão somente um exemplo de como a graça de Deus nos alcança e o que o Senhor também faz em nossas vidas. Portanto, o alvo de nossa observação nesse texto, como em qualquer estudo bíblico sério, não deve ser a pessoa humana, mas o Deus desse homem ou mulher. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó. O Deus de Elias e de Jó. O Deus de Pedro e de Paulo. O nosso Deus!

[1] Deere, Jack – Surpreendido Com a Voz de Deus, P. 112 – Ed. Vida



Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

A GRAÇA DE DEUS DIANTE DO MAL – I

Quando nos voltamos para a Palavra de Deus, verificamos como Deus disciplinou a Saul... Como na experiência dos discípulos de Jesus ao descerem do monte onde ocorreu a visão do céu e a Transfiguração do Senhor Jesus. Também lá, os discípulos, ao se defrontarem com um menino possesso, foram instruídos no sentido de agir corretamente para suportar e vencer os demônios:

“Quando entrou em casa, os seus discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsá-lo? Respondeu-lhes: Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum”.[1]

Antes, porém, de receberem a instrução do Senhor, tiveram que experimentar o fracasso e a decepção por não terem conseguido expulsar os demônios daquele menino.
Como, também, foi a forma como Deus usou e conduziu o apóstolo Paulo à oração.
Parece estranho quando dizemos que Deus possa usar até mesmo os demônios para despertar e avivar uma igreja; mas, se verificarmos os fatos bíblicos relacionados com o assunto, não ficaremos mais surpresos.

Deus não é o autor do mal, embora seja Ele quem ordena, determina e controla todas as coisas. Paulo sabia que havia uma ação diabólica naquele mal. Reconhece que, ao mesmo tempo, era algo mandado por Deus e efetuado por Satanás: “E, para que me não exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais...”

Portanto, era algo semelhante ao que os pregadores da “batalha espiritual” denominam de “demonização”. Ou seja, Paulo não estava endemoninhado, mas, sim, sofrendo com uma ação satânica que afetava diretamente sua condição física e emocional.

Apesar de reconhecer que, realmente, havia algo proveniente das hostes do inferno, causando-lhe tristeza, dor e opressão, Paulo não repreendeu o mal. Não ordenou, nem determinou, dizendo que não aceitava aquele tipo de sofrimento proveniente do diabo. Nem argumentou que, pelo fato de ser ele um servo de Deus, ungido de Deus, ministro da Palavra, não poderia aceitar o mal em seu próprio corpo.

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br

[1] Mc 9.28-29