terça-feira, 20 de outubro de 2009

PASTORES AUTÊNTICOS

“Pastor autêntico é aquele que, tendo consciência de sua chamada, ao desempenho dela procura se dedicar sem reservas ou restrições. É um soldado alistado para a guerra, que não se embaraça com os negócios desta vida. Confia em que Deus proverá e não se preocupa, não perde o sono nem a tranqüilidade fazendo planos ou estabelecendo esquemas de sobrevivência...

Pastor autêntico é aquele que, tendo certeza de ter sido alvo de uma chamada para a carreira que excede em importância a qualquer outra, cultiva, entretanto, e desenvolve essa flor tão característica do Evangelho que é humildade. Sempre se maravilhará com o fato de ter sido escolhido, mas nunca atribuirá a qualquer méritos seus. Sua escolha sempre lhe será um mistério, cuja decifração deixa para a eternidade...

Pastor autêntico é aquele que, sendo assim humilde, nunca se deixará levar pela autossuficiência, nunca superestimará seu valor; mas nas mãos de Deus estará sempre pronto a servir, mesmo num obscuro lugar, longe das luzes de qualquer proscênio; os homens nunca lhe deverão nada, ele é que se deverá aos homens. Ninguém precisa reconhecer seus méritos, ele é que precisará reconhecer suas falhas sempre e entregar-se à misericórdia divina para ser usado, apesar de tudo...

Pastor autêntico é aquele que busca a Deus ao preparar aquilo que vai dizer do púlpito, que busca a Deus antes de dizê-lo, e que de Deus recebe a graça de dizer coisas realmente ungidas, que abalam, que comovem, que emocionam ou consolam os corações dos que ouvem. É o que faz questão de dizer coisas que todos entendam e não quer mostrar sua ciência ou sua cultura. É aquele que sempre há de pensar frente a seu púlpito: que é que vou dizer a este povo ansioso?

Que é que vou dar a esta gente faminta e sequiosa das verdades eternas?! Ah, meus amigos, por amor de Deus, dizei em vossos púlpitos coisas que vossas ovelhas entendam, que os pecadores compreendam. É a vida deles e delas que está em jogo...

Pastor autêntico é aquele que valoriza o seu ministério, embora seja humilde nas suas palavras e no seu trato. Não menospreza seu ministério colocando outras ocupações em primeiro lugar... Pastor autêntico é aquele que ama. Que ama procurando alcançar o paradigma estabelecido pelo Pastor dos pastores, embora saiba ser impossível amar como Jesus amou. Aprenderá sempre, entretanto, com Jesus, na escola do amor...

Passa o tempo mais depressa do que podemos perceber. Agora, aqui, estas luzes, estas flores, estes sons, esta alegria, esta festa. Amanhã o trabalho a dedicação, o esforço, o entusiasmo, as realizações, as vitórias. Por quanto tempo? Alguns anos, talvez décadas, fração de segundo no relógio da eternidade. E logo estareis na presença dAquele que vos chamou para dardes o melhor daquilo que sois e que tendes.

Estareis na Sua Augusta Presença para prestar contas. Mas eu vos imagino ali sem temor, alegres, confiantes, certos de que o Senhor há de dizer: “Muito bem, servo bom e fiel; sobre poucas coisas foste fiel, sobre muitas coisas te colocarei. Vem e alegra-te comigo, para todo o sempre!” ([1]).

Por que temos perdido a credibilidade pastoral? Creio que isto ocorre, principalmente, por dois motivos: Primeiro: Púlpitos vazios. Estamos perdendo a credibilidade ministerial para cativar e atrair as pessoas para ouvir a Palavra de Deus, porque, muitas vezes, nos ocupamos demasiadamente com as coisas que julgamos importantes, relegando a segundo plano o essencial: a reflexão séria e profunda na Palavra. Ao contrário dos apóstolos que delegaram atribuições materiais aos diáconos, para se dedicarem exclusivamente à oração e ao ministério da Palavra; estamos invertendo essa ordem.

Estamos delegando o privilégio e responsabilidade da ministração da Palavra aos diáconos e líderes com formação em outras áreas, enquanto nós, pastores, estamos nos envolvendo com outras coisas; importantes, mas não essenciais.

O outro motivo da nossa falta de credibilidade, a meu ver é: Púlpitos secos. Esse é o extremo oposto ao de púlpitos vazios. Ou seja, muitas vezes, no afã de combatermos a preguiça e a superficialidade da pregação “água-com-açúcar”, passamos para outro extremo: Adquirimos muita informação cultural e teológica para transmitir e impressionar nossos ouvintes. Muita informação “enlatada”... Minúcias teológicas até mesmo importantes e valiosas, porém, desprovidas da manifestação e poder do Espírito Santo. É quando temos muito a falar sobre o que dizem os grandes teólogos, mas pouco do que temos experimentado e vivenciado em nossa comunhão com Deus.

Cuidar de alguém, pressupõe que seja condição indispensável para alguém que tenha buscado os cuidados para si próprio. Alguém que tenha sido alcançado pelo cuidado de outrem. Assim, pois, o cuidado com os outros está diretamente relacionado com o amor de Jesus. E a ordem de Jesus, neste sentido, só se aplica àqueles que se dispõem a considerar, primeiramente, a pergunta de Jesus: “Amas-me?”

Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
www.midiasound.com
wwww.oswaldojacob.blogspot.com

[1] SÊDE AUTÊNTICOS – Sermão de formatura da turma de 1971, do S.T.B.S.B. – O Jornal Batista, 30-01-1972, p.7

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